quarta-feira, 26 de maio de 2010

Seminários de atenção primária CSE – SUS: Modelos de gestão e suas implicações

Discutidores

Jorge Kaiano – Instituto de Saúde e Instituto Polis

Luis Ceccílio – UNIFESP

Artur Chioro – Secretário de Saúde de São Bernardo

 
 

A idéia do debate foi trazer contribuições para a compreensão dos diferentes modelos de gestão para os serviços públicos de saúde.

Kaiano trouxe para a reflexão uma apresentação sobre as bases conceituais para a compreensão do modelo de gestão das Organizações Sociais de Saúde, trazendo uma perspectiva histórica acerca do surgimento deste. Relembrou a lei de 1998 que passou a permitir que os gestores "qualifiquem" organizações privadas para se transformarem em organizações sociais e desenvolverem ações públicas no lugar do Estado, principalmente em áreas relacionadas ao meio ambiente, ciência, tecnologia, cultura e saúde. Lembrou ainda que o Conselho Nacional de Saúde vem se preocupando com essa questão e formou um grupo de trabalho para realizar um levantamento das Organizações Sociais no Brasil. Segundo o palestrante, São Paulo foi o estado em que este modelo foi mais disseminado.

Artur Chioro relatou a experiência da Secretaria de Saúde de São Bernardo, que tem trabalhado com o modelo de Fundações Estatais; apresentou também características de diferentes modelos de gestão pública, defendendo que embora não haja uma panacéia que venha a resolver todos os problemas de gestão, há que se pensar outras maneiras que não a administração direta, que para ele não funciona.

Com uma reflexão crítica a respeito das novas propostas de gestão dos serviços públicos de saúde, Luiz Cecílio abordou o problema do contratualismo na saúde, destacando que esse campo de trabalho vai além de uma perspectiva gerencialista e funcionalista. Além disso, alertou sobre o risco de se emprestar métodos da gestão privada para a saúde pública.

A justificativa corrente para as mudanças nos modelos de gestão se relacionam à busca por melhorias e agilidades administrativas, que, segundo seus defensores, não seriam propiciados pela administração direta. No entanto, tal como lembrado por Kaiano, os principais opositores desses modelos, como, por exemplo, os das organizações sociais, são os próprios trabalhadores de saúde.

No debate em que estavam presentes 66 pessoas no CSE e diversos participantes virtuais, a advertência que Kaiano trouxe no início mostrou-se presente: falar de OSS e de novos modelos de gestão é algo difícil de ser feito e frequentemente vem acompanhado de um posicionamento "apaixonado" a favor ou contra um ou outro modelo.

No entanto, para construir posicionamentos mais fundamentados, o debate promovido pelo CSE colaborou para ampliar conhecimentos e informações. Parabéns a todos os envolvidos na organização do evento!

Carolinas (Azevedo e Ramalho) Aprimorandas em Saúde Coletiva CSE

quarta-feira, 19 de maio de 2010

CONSELHO POPULAR DE SAÚDE

No dia 05.05.10 realizou-se a reunião do Conselho Popular de Saúde. Estiveram presentes:

Cícero Marques – usuário do serviço
Carolina – aprimoranda em saúde coletiva
Luiz Takayoshi – representante da Associação São Domingos e Adjacências e do Conselho da Rádio Comunitária de São Domingos
Luci Fretes – suplente no Conselho Diretor do CSEB representando a população usuária e também Representante e Coordenadora da Rádio Comunitária de São Domingos/Associação Cidadã
Marcos Paulo – membro do Conselho Diretor do CSEB representando a população usuária do serviço
Kátia Soraia – Agente Comunitária de Saúde do CSEB
Eliana Mendes – Auxiliar de Enfermagem do CSEB e represente dos funcionários no Conselho Diretor do CSEB
Beatriz Pereira – Educadora do CSEB
Maria José – Assistente Social do CSEB

A reunião iniciou-se com informes sobre vários assuntos:
· marcada reunião sobre o convênio do CSEB e Prefeitura
· Jamil Murad novo presidente da saúde na Câmara Municipal
· Reforma do CSEB, assinatura de contrato para inicio das obras
· Na reunião do Conselho diretor houve proposta de contratação de médicos em caráter de emergência. Abertura de novas vagas em 2011
· Saída do ACS Evermando
· Reunião para discutir a Associação dos moradores da comunidade São Remo, compareceram em torno de 50 pessoas interessadas. Próxima reunião em 14/05/10.
· Informes sobre alguns impasses políticos na organização da Associação de Moradores de São Domingos

Sobre a Caixa de Sugestões/Reclamações:
- Definir data de retirada
-colocar caixa de sugestões/reclamações em todos os setores

Luci solicita que seja apresentado demanda de serviços e o nº de profissionais, ex: demanda por consulta médicas e o nº de profissionais médicos existentes. Reclama da falta de informação para os usuários, não há um local de referência, como um balcão de informações. Eliana falou da proposta do “Posso lhe ajudar?”. Kátia sugeriu que esta proposta deve ser encampada pelo serviço de forma perene, pois o projeto com alunos pode ser passageiro. Bia informou que há um profissional do serviço sendo treinado para este fim. Foi ratificada a necessidade de intensificar a proposta do “Posso lhe ajudar?”

Propostas:

Na próxima reunião apresentar ao Conselho Popular de saúde a forma de funcionamento dos vários setores CSEB.
Sr. Luis agendará reunião com Dra Maria Helena para discutir a disponibilidade de horário do Dr Alex para o CSEB
Discutir na próxima reunião mudança do dia da Reunião do Conselho Popular de Saúde

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dia 18 de Maio - Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Dia 18 de maio é dia de comemorar o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. O movimento contra os manicômios surgiu no final da década de 1980 para se contrapor ao modelo de assistência à saúde mental por meio da institucionalização em manicômios, locais que servem mais como depósito para segregar os ditos loucos do que para ajudá-los a lidar com o seu sofrimento psíquico. No Brasil, há séculos o tratamento dispensado a essas pessoas é um tratamento que humilha e degrada: é o isolamento social e a redução do ser humano a um nada social, a um ser imprestável e inservível.
Hoje é o dia mostrar que a loucura pode e deve ter o seu lugar no mundo, que as subjetividades individuais contribuem na construção do todo social e que a aceitação das diferenças, sejam elas de que níveis forem, faz parte do ideal de democracia e da esperança de um outro mundo possível. Dia 18 de maio é dia de reafirmar o compromisso com a causa antimanicomial, é o dia de reafirmar que não queremos mais hospícios em nosso país.
Abaixo divulgo o texto produzida pelos organizadores da Semana de Luta Antimanicomial de SP (CRP, SINDICATO DOS PSICÓLOGOS, SINDISAÚDE, ASSOCIAÇÃO VIDA EM AÇÃO, ABRASME, FÓRUM DA LUTA ANTIMANICOMIAL, REDE DE SAÚDE MENTAL E ECONOMIA SOLIDÁRIA).
Mais informações podem ser obtidas no site: http://saudeecosol.wordpress.com/
Um abraço a todas e todos que contribuem e fazem parte dessa luta!!!


Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz (Trecho da música Balada do louco - Mutantes)


Semana da Luta Antimanicomial: Saúde Mental um Direito de Todos!
A Semana da Luta Antimanicomial deste ano busca reforçar junto à sociedade o reconhecimento da Saúde Mental como um direito de todos!
O Sistema Único de Saúde é resultado de um grande processo de mobilização de amplos setores da sociedade civil. É por meio das conquistas feitas por essa luta que hoje podemos afirmar que a Saúde é um direito de todos os cidadãos e que o Estado Brasileiro tem o dever de garantir uma assistência territorializada, em rede, e efetivamente gerida por este.
São princípios do SUS o acesso universal público e gratuito às ações e serviços de saúde; a integralidade das ações, num conjunto articulado e contínuo em todos os níveis de complexidade do sistema; a eqüidade da oferta de serviços, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. A Rede Brasileira de Atenção à Saúde Mental é parte integrante deste Sistema, e, portanto, deve estar regulada e organizada em todo o território nacional, em suas ações e serviços de saúde, segundo seus princípios. A história da criação desta Rede, na área de Saúde Mental, também tem como base a mobilização da sociedade civil - familiares, usuários, profissionais organizados no Movimento brasileiro da Luta Antimanicomial.
Uma importante vitória desta luta foi a aprovação da Lei 10.216, propondo a extinção progressiva dos manicômios. Acompanhando esse processo, a Saúde Mental conquistou diversas políticas públicas, como a criação dos CAPS, o Programa de Volta para Casa e as Residências Terapêuticas só para citar alguns exemplos. Assim, foi se constituindo uma Rede de Atenção de base comunitária, substitutiva ao modelo hospitalocêntrico. Apear disso, o Censo Psicossocial do Estado de São Paulo, executado pela Secretaria do Estado de Saúde mapeou os moradores em hospitais psiquiátricos e apontou a existência de 6542 moradores (moradores são aqueles que vivem dentro da estrutura hospitalar há mais de dois anos), nesse sentido a Semana da Luta Antimanicomail reivindica: Por uma sociedade sem moradores em manicômios!
Infelizmente, essas conquistas do SUS e da Reforma Psiquiátrica, mesmo sendo referência internacional, vem sofrendo um conjunto de ataques dos setores que vêm a saúde não como um Direito inalienável do cidadão, mas sim, como um nicho de mercado. Um exemplo disso é a ampliação do em todo o país a gestão dos serviços públicos através de Organizações Sociais (O.S.). A Saúde é o campo onde mais intensamente as O.S.’s vem substituindo a gestão pública.
Quem acredita e luta por ações antimanicomias acredita que não se faz construção igualitária com a delegação da responsabilidade que é do Estado, para as Organizações Sociais, deliberando total autonomia para a prestação do serviço e saúde, podendo por em risco os princípios conquistados por meio das lutas populares.
Esse processo de terceirização das responsabilidades do setor público para o setor privado, vem causando, a quebra dos processos de implementação do SUS e da Reforma Psiquiátrica. Uma gestão não pautada pelas ações em Rede, pela co-responsabilidade, pela ampliação de serviços de inserção comunitária (educação, trabalho e habitação) e de caráter privado (diminuindo consideravelmente o controle social sobre recursos, procedimentos e prioridades do serviços) denuncia este risco.
As conquistas estão postas. Entretanto estamos falando da contínua luta, tanto na macro política, quanto nas ações cotidianas, de enfrentamento da cultura manicomial, excludente e que faz sofrer, e em defesa dos direitos que estão garantidos em lei e que precisam ser assimilados como imperativos pelas gestão pública, pelos serviços e pela população em geral.

domingo, 16 de maio de 2010

PARABÉNS, MAJO!15 de maio-Dia do Assistente Social

PARABÉNS! MAJO

Um pouquinho da origem desta importantíssima profissão para a sociedade:

O mês de maio traz data muito especial para os Assistentes Sociais: o dia 15, quando se comemora o seu dia 15, quando se comemora o seu dia e marca a profissão desde o seu nascimento. Em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII publicava a Encíclica "Rerum Novarum", apresentando ao mundo católico os fundamentos e as diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Era a primeira Encíclica Social já escrita por um Papa e, arcava o posicionamento da Igreja frente aos Graves problemas sociais que dominavam as sociedades européias. Para os assistentes sociais europeus, a Encíclica publicada naquele dia 15 de maio, trazia um conteúdo muito especial. Atônitos frente à complexidade dos problemas existentes e teoricamente fragilizados em conseqüência de sua formação ainda bastante precária, aqueles profissionais assumiam o documento e os ensinamentos ali contidos, como base fundamental de seu trabalho. E desse modo se aproximavam cada vez mais da Igreja Católica européia que. por sua vez, assumia progressivamente a sua liderança sobre o enfoque das práticas sociais daqueles profissionais.
No Brasil, o Serviço Social foi criado em 1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica no País, inspirados na Doutrina Social da Igreja então enriquecida por uma nova Encíclica Social: a "Quadragésimo Ano" redigida pelo Papa Pio XI e publicada no dia 15 de maio de 1931 em comemoração aos quarenta anos da Rerum Novarum. E, desse modo, gestada no seio da prática da "Ação Social Católica", ou simplesmente "Ação Católica" - no Brasil a profissão cresceu sob a liderança da Igreja e, até o início dos anos 60, recebeu a influência direta e decisiva da sua "Doutrina Social".

sexta-feira, 14 de maio de 2010

13 de Maio – Dia da Abolição Inacabada

"(...) a condição inicialmente escrava dos primeiros (negros) e as conseqüências sócio-históricas a ela vinculadas contribuíram para acentuar a diferença que fundamenta a discriminação, mas o complexo processo de miscigenação aqui efetivado teceu o véu que pretende disfarçar o preconceito e que precisa ser permanentemente denunciado(...)” (Proença Filho, 1975)


Neste aniversário de 122 anos da abolição formal da escravidão de negras e negros africanos e seus descendentes, percebemos o quanto esta população ainda permanece violentada em seus direitos e vitimada pelas injustiças sociais. A Lei Áurea foi assinada, mas as seqüelas das mentalidades senhoriais e escravistas em nossa sociedade ainda estão vivas, continuam pulsantes e adquiriram novas formas e nuances.
O IBGE confirma que negras e negros, jovens e mulheres são mais prejudicados com as demissões, fruto da crise financeira mundial. Segundo o Ipea, negras e negros ganham menos, trabalham mais e em piores ocupações. São a maior parte entre os sem carteira assinada e são a maioria em serviços domésticos, agricultura e construção civil. Incluem-se mais cedo no mercado de trabalho e saem mais tarde. Crianças negras são as maiores vítimas do trabalho infantil. Mulheres negras são as que mais sofrem com a violência doméstica e sexual e a juventude negra continua sendo alvo preferencial das polícias militares e civis.
Segundo os dados do Atlas Racial Brasileiro, divulgados pelo PNUD, em 2004, 65% dos pobres e 70% dos indigentes brasileiros são negros. A pesquisa mostra ainda que, apesar de uma queda nos números de mortalidade infantil, as taxas entre os filhos de mulheres negras são 66% acima das registradas entre os de mulheres brancas. É inegável que a pobreza e a exclusão neste país que se orgulha de proclamar sua igualdade racial e a democracia multiétnica têm cor e raça. Somos nós, negras e negros e todos os afro-descendentes desse enorme país, que ainda nos constituímos na grande maioria oprimida, excluída e marginalizada.
A área da saúde também explicita essas diferenças. Os indicadores de saúde no Brasil sugerem que existe uma grande diferença entre brancos e negros no acesso a cuidados médicos. Enquanto a população branca vive, em média, até os 71 anos, a negra morre aos 66 anos. Na mortalidade infantil, o quadro é semelhante. De cada mil bebês brancos, cerca de 23 morrem antes de completar 1 ano. Já entre os negros, esse número sobe para 38. Os dados são do Censo 2000, do IBGE. A diferença entre os indicadores reflete em grande parte as “dificuldades de acesso aos serviços de saúde, o diagnóstico tardio, a baixa qualidade da atenção oferecida, tratamento inexistente, inadequado e/ou ineficiente para a população negra”.
Negra/os e brancas/os pobres pertencem a uma só classe: a classe trabalhadora. No entanto, sofrem de maneira diferente as contradições desse sistema, seja por via do racismo, do machismo ou da exploração econômica.
Ao mesmo tempo percebe-se a resistência cada vez maior das forças conservadoras e racistas em impedir avanços de direitos da população negra. Em São Paulo o próprio ex-governador José Serra já explicitou seu posicionamento contrário às políticas públicas para negras e negros.
A libertação trouxe poucas alterações para as populações negras do país. A libertação das senzalas significou um novo confinamento, dessa vez nas favelas, onde ainda hoje os negros morrem indistintamente, acusados de forma banal de liderarem o tráfico de drogas ou simplesmente alvos de balas perdidas, vítimas sociais de uma violência que pouca atenção recebe por parte dos poderes constituídos. Por isso, a abolição é inacabada, jamais foi completada, e tanto o Estado Nacional do Brasil, quanto a sua sociedade, jamais elaboraram qualquer projeto que tivesse por objetivo minimizar os males de mais de três séculos de escravidão.
A luta contra o racismo deve ser permanente e militante. Sabemos que o racismo serve como ferramenta de manutenção da concentração de renda e do poder. Lembremos as palavras de Malcon-X: “Enquanto houver capitalismo haverá racismo”. Nessa luta, é importante a construção de novos aliados, até porque essa não é uma luta exclusiva dos afro-brasileiros, mas de todos aqueles que sonham com um mundo onde a origem étnica, religiosa ou social não seja usada para a negação de direitos fundamentais a qualquer ser humano como é a educação, a saúde ou o trabalho.
Caminhemos e lutemos todas e todos juntos, ensinando desde já os nossos filhos e filhas, a construir um outro mundo possível, um mundo solidário, fraterno e justo, livre de injustiças, preconceitos e opressões de quaisquer tipo.
Um grande abraço!!!

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." NELSON MANDELA


Paulinha

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13 de Maio Abolição Interrogada


No Momento, em que mantemos a discussão em relação as Políticas Públicas para a População Afro descendente, estamos em consonância com diversos pesquisadores do Brasil, para que possamos qualificar cada vez mais o debate. Acreditamos na possibilidade de incluir os negros brasileiros na sociedade, apesar da invisibilidade em que o Estado tem nos relegado.
A luta pela liberdade, tem sido cotidiana, conforme nos ensinou Zumbi, Dandara, Ganga Zuma e muitos outros que por aqui passaram ...
Hoje é o Dia Nacional de Combate ao Racismo no País.
Tenho a Honra de Apresentar O Texto de Willian Luiz da Conceição: 13 de Maio Abolição Inacaba
Willian Luiz da Conceição, é estudante de História da UDESC e pesquisador da temática da afro-descendência.

Neste ano completamos 122 anos de lei Áurea que aboliu a escravidão no Brasil. Este processo foi lento, limitado, gradual e deve ainda hoje ser problematizado.
A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888 foi a ultima de várias que a precederam, como a Lei Eusébio de Queiros de 1850, Lei do Ventre Livre de 1871 e a Lei do Sexagenário de 1885. Com o fim do tráfico negreiro em 1850, entramos em um processo quase que inevitável de fim do trabalho escravo no país (que culminou na abolição), influenciado em grande escala por pressão internacional, pelas milhares de revoltas escravas, quilombos e mais tarde por grupos abolicionistas.
Esta transformação no cenário internacional, em que o Brasil foi o ultimo país a se inserir, é parte das modificações econômicas dos países "independentes", da busca de fortalecimento dos mercados internos e da abolição de formas pré-capitalistas de economia, que só poderiam ser levadas a cabo pelo 'trabalho livre'. A escravidão no Brasil foi a base da estruturação econômica e de acúmulo primitivo de capital capaz de desenvolver mais tarde a economia industrial.
Foi o escravo negro, a massa substancial da força de trabalho durante aproximadamente quatro séculos, capaz de acumular as riquezas para construirmos um país. Foram milhões de africanos seqüestrados em todas as partes da África, de Moçambique, passando pelo Congo, Nigéria, Guiné, Sudão, Angola, entre outras, que formaram este contingente humano.
Após a abolição, pouco foi revisto da condição dos afro-descendentes, continuamos a ser a parte miserável da sociedade brasileira, lançados na marginalidade, sem trabalho digno, educação, infra-estrutura. Coube ao negro ocupar as periferias dos grandes centros urbanos. Não é por acaso, que os locais mais afetados pelas catástrofes que varreram o Rio de Janeiro neste ano foram locais onde a maior parte de seus habitantes são negros, como o Morro do Bumba em Niterói, construído em cima de um lixão. A abolição foi incapaz de integrar e estruturar o negro na sociedade. O negro no Brasil, de capitalismo dependente, acarretou duplo preconceito e segregação: de classe e de raça. Poucos negros conseguem superar estás condições e barreiras impostas pela sociedade.
A imagem construída do negro nas ciências sociais, na literatura e nas artes, por séculos nos transformou e concedeu-nos o estereótipo de exótico, feio, marginal, patológico e parte inferior da população. Assim negando o negro como pessoa humana e sujeito histórico que construiu comunidades alternativas ao sistema econômico da sociedade colonial escravista, como Palmares e outros quilombos que ficaram na história, e os que ainda resistem.
O Brasil mestiço e multi-étnico, que ronda nosso imaginário, tem por trás o maior exemplo das diversas formas de preconceito e de segregação que podem existir. Na obra do espanhol Modesto Brocos, intitulada 'Redenção de Cã', é retratada a salvação dos descendentes de Cã, filho mais jovem de Noé. Cã é pai do servo Canaã, "que seria a origem dos camitas e dos demais povos da raça negra, todos destinados à servidão, segundo visões largamente difundidas à época".
Este quadro representa a forma que esses povos utilizaram para alcançar o perdão e quebrar a maldição de serem negros – a mestiçagem. Retrata uma avó negra, uma filha mestiça, um pai de tipo ibérico deste processo nasceria uma criança branca. A teoria do intercruzamento entre brancos e negros levaria a um branqueamento da população, onde os negros já não existiriam. Este foi o discurso muitas vezes apresentados pela elite brasileira a nível internacional, expondo o grande exemplo brasileiro de democracia racial. Com essa teoria, no século XX acreditavam que em 2010 já não existiriam negros sobre o solo brasileiro. Seríamos mestiços e com contato mais acentuado com europeus chegaríamos ao branqueamento. Infelizmente, para muitos, isso não ocorreu.
Isso tudo para que possamos avaliar criticamente o processo de libertação dos escravos e a situação de seus descendentes. Quais as verdadeiras mudanças que ocorreram na sua condição estrutural nestes muitos anos? E por que são os negros homens, mulheres e crianças os com piores trabalhos, pior acesso a educação, a saúde, a moradia digna e segurança?
Estes fatos nos leva acreditar que a abolição foi insuficiente e inacabada, forçando-nos a continuar lutando por nossos direitos assegurados hoje meramente no âmbito das leis.
Indicação de Leituras sobre o tema:
Clóvis Moura. Os quilombos e a rebelião negra; São Paulo: Brasiliense, 1981.
Clóvis Moura. Rebeliões da Senzala; São Paulo: Editora Ciências Humanas, 1981.
Clóvis. As injustiças de Clio: o negro na historiografia brasileira; Belo Horizonte: Oficina do livro, 1990.
Manoel Bonfim. O Brasil nação: realidade da soberania brasileira; Rio de Janeiro; Francisco Alves, 1931.
Roger Bastide e Florestan Fernandes. Brancos e Negros em São Paulo; São Paulo; Companhia Editora Nacional; 1971.
Zilá Bernd. O que é negritude; São Paulo; Brasiliense; 1988.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Campanha de Prevenção e Diagnóstico Precoce do Câncer Bucal

O setor de Saúde Bucal está realizando de 08 a 21 de maio de 2010 a Campanha de Prevenção e Diagnóstico Precoce do Câncer Bucal. Essa atividade acontece durante a Campanha de Vacinação dos Idosos e foi proposta pela Área Técnica de Saúde Bucal da Secretaria de Estado da Saúde em 2001.
São oferecidos atividades educativas, preventivas como o auto exame da boca e também inspeção bucal para a população de 60 anos e mais.
Todos os idosos estão convidados a participar dessa campanha!

TELEGERO

Fernanda informa que no dia 29/04, última quinta do mês, aconteceu a Telegero, cuja discussão esteve sob a responsabilidade do Centro de Saúde Escola do Butantã, que apresentou o tema:
OS ASPECTOS DO CUIDADO AO IDOSO EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: PROTEÇÃO SÓCIO-FAMILIAR E INTERSETORIALIDADE. Tema de fundamental importância para atenção primária, mas que não se restringe a ela. Dentre os pontos mais discutidos esteve a questão da autonomia, a participação do usuário sobre a condução do tratamento e conduta, e ainda, os grandes impasses da intersetorialidade na busca da melhoria dos cuidados e respostas as necessidades em saúde dos diferentes indivíduos.
Parabéns a toda equipe que planejou e organizou o trabalho: Alex, Edmara, Fernanda, Juliana e Majô!
OBS: A TELEGERO é uma teleconferência realizada entre instituições de pesquisa sobre o Envelhecimento Humano. A periodicidade é mensal e atualmente participam: UnATI-UEA (Universidade Aberta da Terceira Idade - Universidade Estadual do Amazonas), UnATI-UERJ, HC-USP, HU-USP, CSE Butantã - USP, FMUSP, HC - Ribeirão Preto/USP.

Próximo Encontro: 27 de maio às 08 horas, no CSEB, com apresentação da equipe do HC Ribeirão Preto.

PARABÉNS, ENFERMEIRAS DO CSEB!

Gisele, Fernanda, Juliana, Paula, Reneide, parceiros da EEUSP e todas as nossas profissionais que estão se preparando para esta profissão tão maravilhosa!


Lembrando um pouco da história no Brasil...

A primeira escola oficial de enfermagem de alto padrão no Brasil, fundada por Carlos Chagas em 1923, recebeu em 1926 o nome de "Ana Néri", em homenagem à primeira enfermeira brasileira, que serviu como voluntária na guerra do Paraguai. Ana Justina Ferreira Néri nasceu na vila de Cachoeira de Paraguaçu-BA, em 13 de Dezembro de 1814.

Viúva do capitão-de-fragata Isidoro Antônio Néri, viu seus filhos, o cadete Pedro Antônio Néri e os médicos Isidora Antônio Néri Filho e Justiniano de Castro Rebelo; seus irmãos Manuel Jerônimo Ferreira e Joaquim Maurício Ferreira, ambos oficiais do exército, serem convocados para a Guerra do Paraguai.

Ana Néri escreveu então ao presidente da província uma carta em que oferecia seus serviços como enfermeira enquanto durasse o conflito.

Partiu da Bahia, de onde nunca saíra, em 1865, para auxiliar o corpo de saúde do Exército, que era pequeno e contava com pouco material. Começou seu trabalho no hospital de Corrientes, onde havia, nessa época, cerca de seis mil soldados internados e algumas poucas freiras vicentinas. Mais tarde, assistiu os feridos em Salto, Humaitá, Curupaiti e Assunção.

Mulher de posses, com seus recursos montou na capital conquistada, na própria casa onde morava, uma enfermaria limpa e modelar. Ali trabalhou, abnegadamente, até o fim da guerra, na qual perdeu seu filho Justiniano e um sobrinho, que se alistara como voluntário da pátria.

De volta ao Brasil, em 1870, Ana Néri recebeu várias homenagens: foi condecorada com as medalhas de prata humanitária e da campanha e recebeu do imperador uma pensão vitalícia, com a qual educou quatro órfãos que recolhera no Paraguai. Seu retrato de corpo inteiro, obra de Vítor Meireles, figura em lugar de honra no paço municipal de Salvador. Ana Néri morreu no Rio de Janeiro-RJ, no dia 20 de Maio de 1880.

domingo, 9 de maio de 2010

FELIZ DIA DAS MÃES !

Esta, não é somente uma homenagem, as mães que geraram em seus ventres os seus filhos, mas também as que adotaram uma criança e as que cuidam, dão carinho, amor, proteção,aos seus bichinhos de estimação.


Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:
- "Dizem-me que estarei sendo enviado à Terra amanhã... Como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?"
E Deus disse:
- "Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe esperando e tomará conta de você."
Criança:
- "Mas diga-me: aqui no Céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?"
Deus:
- "Seu anjo cantará e sorrirá para você... A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor do seu anjo e será feliz."
Criança:
- "Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?"
Deus:
- "Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar."
Criança:
- "E o que farei quando eu quiser Te falar?"
Deus:
- "Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar."
Criança:
- "Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?"
Deus:
- "Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar sua própria vida."
Criança:
- "Mas eu serei sempre triste porque eu não Te verei mais."
Deus:
- "Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim, lhe ensinará a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você."
Nesse momento havia muita paz no Céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas. A criança, apressada, pediu suavemente:
- "Oh Deus, se eu estiver a ponto de ir agora, diga-me por favor, o nome do meu anjo."
E Deus respondeu :
- "Você chamará seu anjo de ... MÃE!" (Paulo Coelho)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

ATÉ QUE ENFIM!!!!!!!!!!!

Foi assinado finalmente, o contrato da reforma do CSEB!
O pessoal da engenharia e arquitetura da FMUSP já começou a tomar providências para começar a reforma.
Vamos aguardar...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Conselho Popular de Saúde

CONSELHO POPULAR DE SAÚDE

No dia 07.04.10 realizou-se a reunião do Conselho Popular de Saúde. Estiveram presentes:

Luiz Takayoshi – representante da Associação São Domingos e Adjacências e do Conselho da Rádio Comunitária de São Domingos
Luci Fretes – suplente no Conselho Diretor do CSEB representando a população usuária e também Representante e Coordenadora da Rádio Comunitária de São Domingos
Alice Oliveira – da Associação Cultural Morro do Querosene
Marcos Paulo – membro do Conselho Diretor do CSEB representando a população usuária do serviço
Kátia Soraia – Agente Comunitária de Saúde do CSEB
Eliana Mendes – Auxiliar de Enfermagem do CSEB e represente dos funcionários no Conselho Diretor do CSEB
Evermando dos Santos – Agente Comunitário de Saúde do CSEB
Beatriz Pereira – Educadora do CSEB
Maria José – Assistente Social do CSEB

Discutiu-se questões referentes a reforma do CSEB; a necessidade de aprofundamento do debate sobre o SUS; o Boletim do Conselho Popular de Saúde e as reclamações e sugestões dos usuários do CSEB.
Encaminhou-se as seguintes propostas:
Elaborar carta assinada pelo Conselho Popular de Saúde, destinada à Faculdade de Medicina, à Secretaria Municipal de Saúde, sobre a necessidade de reposição do quadro funcional do CSEB.
Dois representantes do Conselho irão conversar com Dr Alex sobre a reforma do CSEB e também sobre as principais reclamações e sugestões dos usuários;
A confecção do Boletim do Conselho Popular de Sáude será de responsabilidade de Eliana com aprovação de todos os membros.

Próxima reunião 05/05/10 – Aguarde os informes.

Reuniao do GTA

Proxima Reuniao de GTA 18/05

Informes de Reunião Geral

Proxima Reunião Geral dia 26 de maio
Tema "13 de Maio Abolição??" Construindo uma perspectiva de políticas públicas

Eventos Culturais

A Majô nos brindou com um link para um site muito interessante que contem atividades culturais gratuitas, coisas boas, visitem clicando ao lado em CATRACA LIVRE

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Parabéns!Felicidades!Aniversariantes do mês de maio

MARIA EMÍLIA 02.05

PEDRO 07.05

EVANDRO 15.05

NORMA 20.05

MANUELA 20.05

BEATRIZ PEREIRA 26.05

ALEX 28.05

CENAIDE 31.05

sábado, 1 de maio de 2010

Parabéns pelo post abaixo, Goreti!
Muito oportuno e bacana!
Ia fazer um comentário, acrescentando algumas imagens ao seu post, mas não descobri como fazer isso nos "comentários". Então, resolvi fazer um novo post, dialogando com o seu.

Primeiro, aí em cima, uma gravura ilustrando o 1º de maio de 1886, em Chicago, com cuja história você nos brindou.


Mas também, uma imagem mais atual, marcando a presença de novos tipos de trabalhadores na cena contemporânea, que não estavam presentes nas lutas e manifestações do século XIX. Os chamados "trabalhadores imateriais", que não produzem "bens materiais" como os operários das fábricas, mas bens "imateriais" (como saúde, conhecimento, acolhimento, "bem estar" etc.) e que constituem as principais riquezas do mundo em que vivemos.
Eis a foto de uma manifestação de rua em Paris, durante uma greve de enfermeiras. Esta vai com uma especial dedicatória para nossa valorosa equipe de enfermagem...

Mas os parabéns vão para todos os trabalhadores do CSEB! Todos essenciais para o cumprimento de nossa missão política e social!

Parabéns! trabalhadores do CSEB

História do Dia do Trabalho (Só para lembrar)
O Dia do Trabalho é comemorado em 1º de maio.
No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios.
A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.Dois dias após os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocaram a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais. No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.Aqui no Brasil existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895. Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do então presidente Artur Bernardes.Fatos importantes relacionados ao 1º de maio no Brasil:- Em 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo. Este deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer)- Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, as relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.
PARABÉNS!TRABALHADORES DO CSEB.
CONTINUAREMOS NA LUTA, SEMPRE!